330 GT Registry

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A FUNDO

ALEGRO
CON BRIO

O Ferrari 330 GT é o exemplo acabado de um Grande
Turismo. Como se não bastasse a elegância, potência
conforto, o seu motor compõe uma banda sonora de eleição.

 

Por Adelino Dinis
Fotografia Henrique Seruca/BC Imagens

 


 

O som de um V12 ao ralenti e a carroçaria assinada por Pininfarina deixam pouco espaço imaginação. À minha frente, o centro do volante Nardi com aro de madeira tem um pequeno cavalinho negro em fundo amarelo, confirmando aquilo que os meus sentidos indicavam. Estou dentro de um Ferrari Gran Turismo dos anos sessenta. É um 330GT de 1965. Antes de engrenar a primeira das cinco velocidades, acaricio o pedal do acelerador. Este acto, completamente gratuito, é de imediato recompensado por um ronco decidido e grosso. A embraiagem, com um comando algo pesado para os dias de hoje, é progressiva. Durante o arranque não é necessário acelerar muito. O V12 mostra-se bastante civilizado a baixa rotação. 300 cavalos é um valor impressionante, mesmo actualmente. Mas o 330 GT, ao contrário do que aquele valor possa sugerir, não é um carro de sport. É antes o representante da mais nobre classe de automóveis: os Grande Turismo. Ao contrário dos verdadeiros desportivos - cujas raízes encontramos no início do século, representados pelos Mors, Mercedes, Peugeot, Itala e Fiat de competição - os Grande Turismo são automóveis com um grau de requinte muito superior. Mais adequados para viagens longas a ritmo elevado, são um compromisso entre o melhor de dois mundos: performances de desportivo e conforto de berlina de luxo.


O 330 GT é ideal para viajar depressa com segurança e comforto

A Ferrari começou por fabricar exclusivamente automóveis de competição - aliás, as versões de estrada sempre foram vistas como suporte do esforço financeiro da Scuderia. Os primeiros exemplares de turismo não passavam mesmo de automóveis de competição com carroçarias mais civilizadas. As performances eram muito elevadas mas, quanto à facilidade e conforto de utilização, deixavam muito a desejar. Só com a série 250 (com o motor de três litros Lampredi e, depois, Colombo)é que a Ferrari produziu automóveis dignos da designação Gran Turismo, principalmente nas versões Boano, Elena, Lusso e GTE. Este último foi o primeiro Ferrari com capacidade para transportar dois (pequenos) passageiros. Em termos de espaço, conforto e luxo, o 250 GTE era, até à data, o Ferrari que mais próximo estava dos Delage, Hispano-Suiza, Isotta-Fraschini e Bugatti anteriores à II Guerra Mundial. O seu V12 debitava 240 cavalos às 7000 rpm, o que permitia uma velocidade máxima superior a 230 Km/h. A facilidade com que atingia estes valores era comum aos restantes modelos, mas com um conforto que não era associado aos Ferrari.

O sucesso não se fez esperar, e o 250 GTE bateu todos os recordes de venda. Foram fabricados 950 exemplares.

O Farol de Discórdia

O Salão de Bruxelas de Janeiro de 1964 foi o palco escolhido para apresentar o substituto do GTE . O 330 GT possuía um motor de maior capacidade, com 4 litros, muito semelhante ao utilizado no 400 Superamerica. Era mais potente ,suave e progressivo do que o seu antecessor, tinha uma agradável caixa de quatro velocidades com overdrive e era ainda mais espaçoso e requintado. O facto de ter mais cinco centímetros de distância entre eixos e de ser um pouco mais pesado quase não se notava. Este novo Ferrari sofreu principalmente pela circunstância de possuir dois faróis de cada lado, ao contrário do que era habitual nos modelos da marca. Isso não impediu, contudo, que fosse também um sucesso comercial. O que não evitou que a segunda série, aparecesse com uma frente bastante mais clássica, embora menos identificável.

Pudemos contar com um modelo de cada série para a sessão de fotos e um breve ensaio e, para ser franco, as diferenças entre ambos são, como era de esperar, muito pequenas.

O 330 GT vermelho, de 1964, tem overdrive, o cinzento, de 1965, tem cinco velocidades, mas, de resto, são muito parecidos, Têm em comum a potência e disponibilidade do motor, a direcção directa e, sobretudo, a precisão da caixa.

Esteticamente, a diferença mais marcante é a frente. Mais clássica a do série 2, mais carismática a do modelo da primeira série. No interior também há pequenas alterações, como os vidros eléctricos e o tablier em madeira no modelo mais recente.

Estes modelos ganham bastante em cobrir grandes distâncias, porque precisam de aquecer convenientemente para se tornarem mais «macios» e fáceis de conduzir. Apesar disso, no breve teste que efectuámos, pudemos constatar que estes dois modelos representam na perfeição o conceito do Grau Turismo Cavallino.

 

 


Os quase 1400 Kg de peso esquecem-se rapidamente em andamento


Original ou clássico? As diferenças são apenas no aparência

Os nossos agradecimentos aos proprietários dos
dois Ferrari.
Se gostaria de possuir um GT italiano e está
preparado para lhe reconhecer o devido valor, saiba
que o proprietário do exemplar cinzento deste artigo
considera a possibilidade de se separar dele
.
CARACTERÍSTICAS

Ferrari 330 GT 2+2 – 1964-1967

MOTOR: 12 cilindros em V a 60°, duas árvores de carnes á cabeça;  câmaras de combustão hemisféricas, duas válvulas por cilindro: 3.967 cm³ (77x71 mm): taxa de compressão: 8,8:1: 300 Cv de potência às 6.600 rpm; Alimentação por três carburadores duplos invertidos (Weber 40 DCZ/6); Cambota de sete apoios; refrigeração a água

TRANSMISSÃO: às rodas traseiras; quatro velocidades mais overdrive e marcha-atrás (cinco velocidades a partir de 1965): embraiagem mono-disco a seco

SUSPENSÃO: a frente, rodas independentes, com triângulos sobrepostos, molas helicoidais, e barra estabilizadora; atrás, eixo rígido, molas semi-elipticas, braços longitudinais: amortecedores telescópicos

DIRECÇÃO: sistema de parafuso e sector

TRAVÕES: de discos às quatro rodas; duplo circuito, com assistência

CHASSIS: coupé duas portas, 2+2 lugares; Estrutura tubular, carroçaria em aço

DIMENSÕES: comprimento: 4.840 mm; distância entre eixos: 2.650 mm; largura: 1.710 mm; altura: 1.360 mm; peso: 1.380 kg; depósito de combustível: 90 litros

PERFORMANCES: vel. máxima: 245 Km/h; 0-100 Km/h: 7,4 s

CONSUMO MÉDIO: 20 l aos 100 Km

CLÁSSICOS DEZEMBRO 98